quarta-feira, 19 de agosto de 2009

O Deus Revelado

Diferentemente do que pensamos, Deus tem procurado se revelar em nossas vidas dia após dia e isso com frequência é mostrado na Bíblia sagrada, como por exemplo, quando Ele aparece a Moisés na sarça ardente, ou a Abrão em Harã, a Gideão no quarto onde dormia, a Saulo no caminho de Damasco, entre outros até chegar em nós, onde se apresenta em nossas vidas muitas vezes em lugares onde menos esperamos ou buscamos. O Senhor não só se apresenta em lugares inesperados como também em muitas ocasiões apresenta-se de maneira inesperada e as vezes até mesmo impercepitivel, como com Elias na caverna, onde sua presença não estava no forte vento, ou no terremoto, muito menos no fogo, mas em uma suave e delicada brisa.

É complicado entender, como um ser tão superior pode se preocupar em querer se revelar a criaturas tão ingratas e limitadas como nós. Como o Divino pode pensar em fazer-se conhecido, e mais do que isso revelar-se ao homem, que decidiu lá no Éden apartar-se dEle, que buscou não o conhecer a Deus, mas sim o conhecimento que só pertence a Deus? Essa escolha do homem revelou a sua vontade pela obtenção de um atributo divino, "o ser igual a Deus", e a rejeição ao dono de tal atributo, demonstrando o desejo pela independência ou autonomia que mesmo a obtendo não sabe manejá-la sozinho. Uma busca pela divindade do poder e não a divindade do amor. Porém ainda assim, vemos o ofendido procurando o ofensor que corre para esconder-se da presença do primeiro. Mesmo com tal ofensa o Criador promove uma maneira para que a sua presença esteja com o ser humano e se submete a uma troca de posição com sua criatura, deixando de lado seu status de Deus, sem deixar de ser Deus, para revelar-se como homem.

Dizemos diversas vezes em nossas reuniões que buscamos um Deus de mistérios, e esquecemos que diante de nós se apresenta o Deus da revelação. Procuramos aquela presença que nos causa arrepio, alucinações e histeria, porém abandonamos a presença daquele que traz paz, calma e transformação de vida. A idéia que temos de molhar os calcanhares no lago raso que chamamos de Deus tem tomado maior vislumbre em nossas vidas, do que a vontade de mergulharmos em um oceano que não ter fim e que retrata com maior fidelidade a identidade do que é Deus.

Esquecemos da lição que Bartimeu nos dá que, mesmo depois de receber a oportunidade de enxergar, podendo ele guiar a si mesmo, resolve sair daquele lugar indo atrás de Jesus. Ele poderia simplesmente ir embora, pois já receberá a sua bênção, mas resolver buscar algo mais indo atrás do dono de todas as bênçãos.

A falta de aceitação que temos na idéia de um Deus que busca se revelar, é que nós queremos escolher a sua forma e maneira de assim fazer. Não aceitamos que Deus se apresente da forma que é, ou que quer se revelar. Não queremos aceitar um Deus que se apresenta numa brisa suave, quando o que esperamos é um terremoto ou um forte vento. De um Deus que se apresenta em uma manjedoura, como filho de um carpinteiro , que é criado em uma cidade tão pequena como Nazaré e que diz que devemos amar nossos inimigos, quando o que queremos é um Deus pronto para reinar com poder e grande glória e que coloque os nossos inimigos debaixo de nossos pés. Desejamos que Deus nos aceite como somos, mas não queremos aceitá-lo como Ele é. Queremos que Ele faça como queremos, mas não queremos fazer como Ele quer.

O Deus encarnado não tem sido o bastante para nós. A bíblia, que é intitulada a palavra escrita, não consegue preencher o vazio em nosso ser, os testemunhos de homens e mulheres que visam a expansão do Reino e que vivem uma vida como sendo um espelho que reflete obras de amor se encontradas só em Deus, também não nos mostram nada . Gritamos, choramos e experniamos para que Deus se revele a nós, porém quando isso acontece, não o aceitamos, não o queremos, e simplesmente o rejeitamos. Como Deus quer se revelar a nós! Como ele deseja estar conosco!Como anseia estar em nós !Mas será que o queremos?

Alexandre P. Vieira