segunda-feira, 28 de setembro de 2009

A Última Carta de um Soldado


Um soldado mortalmente ferido na Batalha de Bunker’s Hill (1775), durante a Guerra da Independência Americana, escreveu à sua esposa na Inglaterra, pouco antes de morrer, a seguinte carta:
Meu querido amor,
Antes que recebas estas linhas, a morte cruel já me terá varrido do palco da vida. Nunca mais repousarás nestes braços; nem estes olhos, que agora mergulham nas sombras da morte, poderão vislumbrar tua gentil figura ou encher-se de encantamento, ao contemplar-te em companhia de nossos queridos filhos.
Ontem, entramos em obstinado e sangrento combate, onde muitos dos nossos foram feridos ou mortos. Recebi dois balaços, um na virilha e outro no peito. Estou tão fraco com a perda de sangue, que mal posso escrever-te estas poucas linhas, último tributo de meu amor imutável por ti. O cirurgião informou-me que três horas são o máximo que poderei sobreviver.
Quando viajava da Inglaterra para a América dispus-me a ler a Bíblia, por ser esse o único livro que possuía. Pela doce atração de sua graça, o Onipotente Pai de toda a humanidade se deleitou em atrair meu coração a Ele mesmo, iluminando, para isso, a minha mente.Em nosso regimento, havia um cabo que professava a verdadeira fé cristã. Eu não tinha conhecimento de sua existência, até certa noite em que, através de oração fervorosa, pedi a Deus que me guiasse pelos caminhos da paz. Enquanto dormia, sonhei com esse homem e me dirigi a ele, chamando-o pelo nome, que era Samuel Pierce. O sonho impressionou-me tanto, que na manhã seguinte procurei informar-me se no regimento havia alguém com esse nome; e, atônito, fui encontrá-lo. Contei-lhe meu sonho, que o agradou muito. Nasceu entre nós uma forte amizade, e logo ele se deleitava em contar-me do grande amor de Deus pelos homens, em ter dado seu filho Jesus Cristo para derramar o seu sangue e morrer pela humanidade. Ele desvendou, diante de mim, os mistérios da salvação, a natureza do novo nascimento, a grande necessidade de santidade de coração e vida; e, resumindo, tornou-se meu pai espiritual. A ele, pela graça de Deus, devo todo o bem que conheço. Meu querido amor, desejo que conheças este abençoado modo de vida.
Logo que aportamos, aprouve a Deus falar de paz ao meu coração. Oh! Que encantamento, que alegria perene senti, através do sangue do Cordeiro! Agora, anseio contar ao mundo inteiro o que Jesus fez por mim. E como desejo, com grande ardor, meu bem, ser capaz de levar-te a sentir e conhecer o amor de Deus em Cristo Jesus! Daria o mundo para estar contigo e informar-te sobre a pérola de grande preço.
Meu querido amor, como não nos veremos mais neste vale de lágrimas, deixa-me expor-te este último desejo: se algum dia fui querido por ti, suplico-te que não negligencies este último conselho de teu marido, que está morrendo, isto é: rende-te a Deus. Lê a Bíblia e bons livros, freqüenta os cultos de um povo chamado evangélico; e que Deus te guie em seus caminhos.
Esforça-te por criar nossos filhos no temor do Senhor. Não prendas o teu coração às coisas vãs e materiais deste mundo. O céu e o amor de Deus são as únicas coisas que demandam nosso coração e merecem possuí-lo.És ainda jovem e não posso desejar que, estando eu frio debaixo da terra, não te cases novamente. Mas deixa-me dar-te um conselho: não te cases com alguém, por mais simpático ou rico que seja, que não ame e tema a Deus; esta é a única coisa necessária.
Fui um marido mau para ti, um filho desobediente para meus pais, um rebelde para Deus. Que Deus tenha misericórdia de mim, pecador! Morro em paz com todo o mundo. Morro na plena segurança da glória eterna. Mais uns momentos, minha alma se juntará às fileiras dos espíritos desencarnados, na grande assembléia da Igreja do Unigênito, que está estabelecida no céu. Meu único amor, eu te peço, eu te peço, eu te imploro, eu te suplico que venhas ter comigo no reino da glória! Ó! corre para os braços, uma vez ensangüentados, de Jesus. Clama por Ele, dia e noite, e Ele te ouvirá e te abençoará!
A vida de um soldado é sangue e crueldade; a de um marinheiro, perigo e morte. A vida de uma cidade é cheia de confusão e lutas; a vida de um país é carregada de labor e fadiga, porém, o maior de todos os males provém de nossa própria natureza pecadora. O mundo, por si mesmo, até agora, nunca tornou ninguém feliz. Somente Deus é a ventura de uma alma justa. Ele está presente em toda a parte, e a Ele temos livre acesso em todos os lugares. Aprendei, pois, queridos filhos, quando crescerdes, a procurar a felicidade permanente em Deus, através do Redentor Crucificado.
Meu querido amor, mais eu diria, porém a vida se me esvai. Meus sentimentos cessam de executar suas funções. Anjos de luz rodeiam a relva ensangüentada em que estou deitado, prontos a escoltar-me para os braços de meu Jesus. Santos curvados mostram-me minha brilhante coroa e acenam-me de longe. Sim, penso que meu Jesus me convida a ir. Adeus, adeus, querido amor.

John Randon


* Retirado do Site da Editora Fiel.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

O Deus Revelado

Diferentemente do que pensamos, Deus tem procurado se revelar em nossas vidas dia após dia e isso com frequência é mostrado na Bíblia sagrada, como por exemplo, quando Ele aparece a Moisés na sarça ardente, ou a Abrão em Harã, a Gideão no quarto onde dormia, a Saulo no caminho de Damasco, entre outros até chegar em nós, onde se apresenta em nossas vidas muitas vezes em lugares onde menos esperamos ou buscamos. O Senhor não só se apresenta em lugares inesperados como também em muitas ocasiões apresenta-se de maneira inesperada e as vezes até mesmo impercepitivel, como com Elias na caverna, onde sua presença não estava no forte vento, ou no terremoto, muito menos no fogo, mas em uma suave e delicada brisa.

É complicado entender, como um ser tão superior pode se preocupar em querer se revelar a criaturas tão ingratas e limitadas como nós. Como o Divino pode pensar em fazer-se conhecido, e mais do que isso revelar-se ao homem, que decidiu lá no Éden apartar-se dEle, que buscou não o conhecer a Deus, mas sim o conhecimento que só pertence a Deus? Essa escolha do homem revelou a sua vontade pela obtenção de um atributo divino, "o ser igual a Deus", e a rejeição ao dono de tal atributo, demonstrando o desejo pela independência ou autonomia que mesmo a obtendo não sabe manejá-la sozinho. Uma busca pela divindade do poder e não a divindade do amor. Porém ainda assim, vemos o ofendido procurando o ofensor que corre para esconder-se da presença do primeiro. Mesmo com tal ofensa o Criador promove uma maneira para que a sua presença esteja com o ser humano e se submete a uma troca de posição com sua criatura, deixando de lado seu status de Deus, sem deixar de ser Deus, para revelar-se como homem.

Dizemos diversas vezes em nossas reuniões que buscamos um Deus de mistérios, e esquecemos que diante de nós se apresenta o Deus da revelação. Procuramos aquela presença que nos causa arrepio, alucinações e histeria, porém abandonamos a presença daquele que traz paz, calma e transformação de vida. A idéia que temos de molhar os calcanhares no lago raso que chamamos de Deus tem tomado maior vislumbre em nossas vidas, do que a vontade de mergulharmos em um oceano que não ter fim e que retrata com maior fidelidade a identidade do que é Deus.

Esquecemos da lição que Bartimeu nos dá que, mesmo depois de receber a oportunidade de enxergar, podendo ele guiar a si mesmo, resolve sair daquele lugar indo atrás de Jesus. Ele poderia simplesmente ir embora, pois já receberá a sua bênção, mas resolver buscar algo mais indo atrás do dono de todas as bênçãos.

A falta de aceitação que temos na idéia de um Deus que busca se revelar, é que nós queremos escolher a sua forma e maneira de assim fazer. Não aceitamos que Deus se apresente da forma que é, ou que quer se revelar. Não queremos aceitar um Deus que se apresenta numa brisa suave, quando o que esperamos é um terremoto ou um forte vento. De um Deus que se apresenta em uma manjedoura, como filho de um carpinteiro , que é criado em uma cidade tão pequena como Nazaré e que diz que devemos amar nossos inimigos, quando o que queremos é um Deus pronto para reinar com poder e grande glória e que coloque os nossos inimigos debaixo de nossos pés. Desejamos que Deus nos aceite como somos, mas não queremos aceitá-lo como Ele é. Queremos que Ele faça como queremos, mas não queremos fazer como Ele quer.

O Deus encarnado não tem sido o bastante para nós. A bíblia, que é intitulada a palavra escrita, não consegue preencher o vazio em nosso ser, os testemunhos de homens e mulheres que visam a expansão do Reino e que vivem uma vida como sendo um espelho que reflete obras de amor se encontradas só em Deus, também não nos mostram nada . Gritamos, choramos e experniamos para que Deus se revele a nós, porém quando isso acontece, não o aceitamos, não o queremos, e simplesmente o rejeitamos. Como Deus quer se revelar a nós! Como ele deseja estar conosco!Como anseia estar em nós !Mas será que o queremos?

Alexandre P. Vieira